sábado, 14 de fevereiro de 2015

ALOHA HAOLE: IF YOU WANNA DANCE

Disco de estreia de trio de rock instrumental piauiense é curto, porém potente.

Capa
Ano: 2014
Número de faixas: 8
Duração: 27:13
Gênero: Rock instrumental, Surf rock









Lá pelos idos de 2013, a quentura e o mormaço tão característicos de Teresina provavelmente fizeram fervilhar na cabeça de Guilherme Muniz (Pemba) uma série de sons que, com a ajuda de sua envenenada guitarra, deram vida a uma série de riffs agoniados.

Com a ajuda de uma bateria eletrônica, nascia a então “one man band” Aloha Haole, com a proposta de fazer surf punk instrumental (nas palavras da banda). Com o passar do tempo, Guilherme abandonou a bateria eletrônica e resolveu dedicar-se apenas às seis cordas, convidando para integrar a banda seus chapas Fábio Gomes (baixo) e Sandro Sandanha (bateria). Completava-se assim a atual formação do Aloha Haole, que, como trio, produz uma agradável massa sonora instrumental, calcada em surf rock, rockabilly e punk. Prova disso é o disco de estreia das figuras, o ganchudo If You Wanna Dance, que chegou ao mundo em outubro de 2014.

De fato, If You Wanna Dance cumpre com louvor o que propõe. Composta por oito faixas, a bolachinha já começa a mostrar a que veio com a faixa-título, um verdadeiro convite às pistas (em todos os sentidos possíveis), como sugere seu nome. E vai seguindo cheio de momentos dançantes e marcantes, numa crescente formidável: “Hauzen Faluzen the Brotherhood” e “Haole on the Beach” são tão urgentes que fazem o ouvinte lamentar porque elas não se estenderam um tiquinho a mais, de tão boas; “Lucky Days”, com seu belo fraseado inicial, alterna entre momentos calmos e nervosos; a porradeira “Sweat, Beer and Skate” te faz bater tanto a cabeça e os pés, que, bom, o jeito é ir logo atrás daquela geladinha, porque o álbum vai ficando cada vez melhor e, é aquela coisa, nesse calor todo de Teresina, um “acompanhamento” é sempre uma boa pedida, sobretudo pra curtir uma boa música. O álbum tem uma intensidade única e o melhor está nas três faixas finais: “On Drums”, direta e reta; “Psychosurf”, cheia de personalidade e chicletuda; e “Goodbye! Beertime”, uma versão de “Wipe Out”, clássico da banda californiana The Surfaris.
Bacanérrimo do início ao fim, If You Wanna Dance só peca por um quesito: é curto – tem pouco mais de 27 minutos. Mas para uma primeira investida fonográfica, a Aloha Haole conseguiu se sair bem. Tanto que já em janeiro de 2015 soltou em EP de quatro faixas, o também simpático The Fucking Summer Rain Fucked Up My Vacation. Talvez se as faixas desse EP fossem unidas ao disco cheio, lançado poucos meses antes, If You Wanna Dance seria um registro bem mais gorduroso. Mas foi opção da banda, e é preciso respeitar isso.
O bom nisso tudo é que Teresina ganhou uma senhora banda de rock instrumental. Teresina não, o Brasil. É um álbum que não deve em nada a discos de outras bandas brasileiras do gênero, como Retrofoguetes, Pata de Elefante ou The Dead Rocks. O disquinho tem tanto poder que já chamou a atenção de outras praças, como os estados do Rio Grande do Norte, São Paulo e Paraná, onde a banda já tocou e/ou tem shows agendados. E tem mais: a criatividade anda tão em alta que já para o segundo semestre desse ano eles prometem um segundo disco cheio. A julgar pelo primeiro trabalho, só nos resta aguardar ansiosamente pelo próximo álbum.

Nota: 7,5
Pra quem gosta de: Man or Astroman?, The Dead Rocks e Camarones Orquestra Guitarrística.

Por Diógenes Rodrigues